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    Sorriso 198



    Dr. Guilherme me apontou o borrão preto e perguntou:
    - Tá vendo?
    - Huhum...
    Não via. Só o imenso preto, movimentos de linhas brancas aleatórias e nada.
    Ele sorriu. Sabia que via algo que eu não.
    - É menino.
    Isso eu já sabia. Não através de ciência, ultrassonografias, exames de sangue ou similares.  Me disseram que era menino tinha tempo. Sussurraram assim no meu ouvido.
    Tanto que eu e Eliane tínhamos mais certeza do nome do menino e da menina nem entramos muito no assunto.
    - Não garanto não, pode ser o cordão... – Disse o Doutor.
    - Se for cordão grande puxou o pai.
    Rimos os três ali naquela sala.
    Fiquei esperando aquela emoção, aquela onda de amor que me cobram, que dizem que dá, que muda e vida, que faz você uma nova pessoa. Nada.
    Fiquei intrigado com isso vendo Sebastião – ah sim, esse foi o nome escolhido – remexendo ali no escuro do aparelho.
    Talvez porque já sinta Tião tão presente, tão por perto que já se tornou algo além daquele borrão na máquina.
    Bem, ele esta chegando por estes dias.
    E tem muita gente por aqui que já gosta dele. Mesmo sem saber seu jeito, suas manias, suas qualidades ou defeitos. Típico do ser humano, não é? Sempre otimistas em relação ao outro.
    Isso é um ótimo começo. Promissor mesmo. O resto é com ele.
    Que venha com saúde, rubro-negro (não existe outra opção) e seja um sujeito de bem como eu tento ser.
    E que descubra um jeito, no meio de tudo isso, ser feliz. Vou ajudar no que puder e dar as dicas que eu sei e estou aprendendo.
    Ah, sim. E que seja meio campo. Pois centroavante já tem o pai. 

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